terça-feira, 28 de junho de 2011

PEDAGOGIA

Quais as contribuições da educação coiteense nos feirantes?

O cotidiano dos trabalhadores informais, no caso, os feirantes de Coité, exige uma relação entre o saber científico e o saber popular, para isso é preciso buscar também compreender como se dá a construção do conhecimento popular e o seu processo de aplicação na prática social efetiva, na construção de alternativas didático-metodológicas no processo de ensino-aprendizagem para ampliação do conhecimento desses feirantes.
Na feira livre de Coité, a concorrência é grande, pois existem várias barracas que vendem os mesmos produtos. Para atrair os clientes, os feirantes gritam, demonstrando a qualidade de seus produtos aos clientes ou através de frases engraçadas, brincando com a freguesia, tornando o ambiente bem descontraído e animado. Para outros o ritmo do barulho ou da gritaria dos feirantes é incômodo, pois, se torna uma poluição sonora com propagandas sonoras de todos os lados. Dentre as frases temos: “moça bonita não paga, mas também não leva”, “Gostoso não é? Pode experimentar outra vez”, “aqui é barato, o marido da barata”, “pega no melão que aqui ele ta bom”, “leva, leva, leva que já está acabando”... E muitas outras linguagens que se misturam com diversas vozes.
     O visual da feira é muito bonito, com frutas, verduras e legumes frescos, que dão um colorido especial ao ambiente. Os feirantes têm uma vida muito dura, pois precisam acordar bem cedo para montar as bancas nas feiras, que costumam atender a partir das cinco horas da manhã. Hoje em dia, além dos produtos alimentícios, hortifrutigranjeiros, podemos encontrar bancas vendendo vários tipos de produtos, como doces, farinha, pescados, carnes, deliciosos pastéis fritos na hora, beiju recheados de diversos sabores, roupas, CDs e DVDs, e muito mais coisas.

Segundo D'Ambrósio (2002), as relações econômicas como o comércio das feiras livres e os sistemas de produção como a agricultura exigem a construção e aplicação de saberes matemáticos, e estes, poderiam estar mais próximos das escolas.

Existem feirantes que colocam os atendentes das bancas membros da mesma família, numa cultura que vai passando de geração em geração, outros contratam por um dia o trabalho de ajuda durante as vendas. Um aspecto interessante das feiras livres são os meninos que alugam carrinhos de mão, para os fregueses não ficarem cheios de sacolas nas mãos. Pacientemente eles seguem seus clientes, indo de um lado para outro da feira, até que as compras terminem e recebam pelos serviços. Mas esse vai e vem de carrinhos na feira incomoda muita gente porque atrapalha o espaço. Pois, falando em espaço é importante saber o meio social a qual estamos inseridos e a contribuição da educação coiteense nos feirantes é visível na sua forma de trabalhar, seja, na sensibilidade para percebermos como os diversos grupos resolvem seus problemas matemáticos sem desvinculá-los do contexto onde é produzido. Tal escolha se deu por entendermos que a utilização do cotidiano das compras para o ensino da prática educacional revela atitudes apreendidas fora do ambiente escolar, uma verdadeira aula de comércio. Um importante componente é possibilitar uma visão crítica da realidade, utilizando instrumentos diversos da língua falada e da natureza matemática. Análise comparativa de preços, de contas, de orçamento, proporciona excelente material pedagógico. Com isso, as feiras livres se tornaram uma atividade economicamente relevante, pois proporcionam o sustento de várias famílias.

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