terça-feira, 28 de junho de 2011

HISTÓRIA

Que elementos atraem consumidores de outros municípios tornando a maior feira da região?

A palavra feira deriva do latim feria, significando o dia santo, o feriado. Feiras livres são eventos periódicos, que ocorrem em espaços públicos, aonde homens e mulheres realizam trocas comerciais de mercadorias, com a finalidade de garantir suas condições materiais de vida. Feiras são organismos vivos: se transformam a todo o momento, acompanhando as contradições e os conflitos da sociedade. As feiras representam diversidade: cada lugar tem a sua própria feira, com uma identidade particular. Feiras são democráticas: se encontram, convivem, competem e cooperam na feira sujeitos sociais de todas as classes.
Para Figueiredo et al, (2003), o mercado relativo às feiras tem as seguintes características: mercado atomizado. A entrada e saída de feirantes não alteram os preços praticados; preços são fixados de acordo com os concorrentes; preço recebido pelo produtor é igual ao pago pelo consumidor; grande oscilação de preço entre o início e fim da feira; vendas feitas geralmente em dinheiro; volume comercializado pequeno; grande variedade de produtos. Os vínculos sociais nas relações comerciais são estreitos: há oportunidade para a proximidade, para a conversa e a negociação e a possibilidade de contato direto entre o produtor de um bem e seu consumidor final. São lugares de vivência, de agregação e de comunicação.  Contudo, não é diferente da feira livre de Conceição do Coité, que pelo seu franco progresso e pela posição geográfica era administrada por várias cidades mais desenvolvidas da época; dentre elas, a cidade de Feira de Santana – Ba, na qual, dominou o município de Coité por vinte e três anos.  Segundo relato de moradores coiteense, havia grupos de tropeiros que traziam mercadorias transportadas em cavalos e uma grande quantidade de animais: bovinos, eqüinos, muares e jumentos a fim de vender ou trocá-los. Todavia, a grande feira livre de Coité iniciou primordialmente junto à Capela de Nossa Senhora da Conceição, a feira semanal realizada às sextas-feiras, é o evento econômico-sócio-cultural mais importante da semana. Destacando-se como a maior da região sisaleira, ocupa uma extensão de mais de quinhentos metros nas principais artérias da cidade: Olavo Pinto, Praça do mercado, Floriano Peixoto, Miguel Pinto. O dia de sexta-feira em que acontece a feira contribuiu para constituir o centro de convergência das atividades comerciais das cidades circunvizinhas por ser a única da região, nesse dia.  Nela, encontra mais de 750 barracas cobertas com plásticos ao ar livre, oferecendo diversidades de produtos de bijuterias, confecções, calçados, brinquedos, vasilhas plásticas, alumínio, materiais agrícolas, aparelho de som, CD, DVD virgens e gravados, produtos alimentícios, em fim, uma variedade muito grande de produtos. Além dos boxes que se encontram abaixo do centro de abastecimento, e nela funcionar diversos tipos de lojas, mercadinhos e mine restaurante.  Também, encontram-se no meio da rua, barracas que vendem almoço, lanche e outros, facilitando para os que vêem de fora.  O mercado Municipal também abrange um grande número de mercados que facilita a vida dos consumidores regionais.
Segundo entrevistas feitas com vendedores, consumidores e taxistas que transporta os consumidores de outras regiões, as pessoas de outro município vêm comprar na feria livre de Coité por causa da diversidade de produtos que encontram na feira, preços baixos e facilidade de pagamento, pois, podem utilizar cheque e cartão de crédito em plena rua na compra de quaisquer mercadorias. Contudo, destacaram que Conceição do Coité localiza - se numa região central, facilitando o acesso a ela. As cidades circunvizinhas são: Retirolândia, Valente, São Domingos, Santaluz, Queimadas, Monte Santo, Riachão do Jaquipe, Pé de Serra, Nova Fátima, Inchú, Serrinha, Teofilândia, Araci, Barrocas, etc. Sobretudo, a feira livre de Coité, recebe consumidores de todas estas regiões ou mais.

PEDAGOGIA

Quais as contribuições da educação coiteense nos feirantes?

O cotidiano dos trabalhadores informais, no caso, os feirantes de Coité, exige uma relação entre o saber científico e o saber popular, para isso é preciso buscar também compreender como se dá a construção do conhecimento popular e o seu processo de aplicação na prática social efetiva, na construção de alternativas didático-metodológicas no processo de ensino-aprendizagem para ampliação do conhecimento desses feirantes.
Na feira livre de Coité, a concorrência é grande, pois existem várias barracas que vendem os mesmos produtos. Para atrair os clientes, os feirantes gritam, demonstrando a qualidade de seus produtos aos clientes ou através de frases engraçadas, brincando com a freguesia, tornando o ambiente bem descontraído e animado. Para outros o ritmo do barulho ou da gritaria dos feirantes é incômodo, pois, se torna uma poluição sonora com propagandas sonoras de todos os lados. Dentre as frases temos: “moça bonita não paga, mas também não leva”, “Gostoso não é? Pode experimentar outra vez”, “aqui é barato, o marido da barata”, “pega no melão que aqui ele ta bom”, “leva, leva, leva que já está acabando”... E muitas outras linguagens que se misturam com diversas vozes.
     O visual da feira é muito bonito, com frutas, verduras e legumes frescos, que dão um colorido especial ao ambiente. Os feirantes têm uma vida muito dura, pois precisam acordar bem cedo para montar as bancas nas feiras, que costumam atender a partir das cinco horas da manhã. Hoje em dia, além dos produtos alimentícios, hortifrutigranjeiros, podemos encontrar bancas vendendo vários tipos de produtos, como doces, farinha, pescados, carnes, deliciosos pastéis fritos na hora, beiju recheados de diversos sabores, roupas, CDs e DVDs, e muito mais coisas.

Segundo D'Ambrósio (2002), as relações econômicas como o comércio das feiras livres e os sistemas de produção como a agricultura exigem a construção e aplicação de saberes matemáticos, e estes, poderiam estar mais próximos das escolas.

Existem feirantes que colocam os atendentes das bancas membros da mesma família, numa cultura que vai passando de geração em geração, outros contratam por um dia o trabalho de ajuda durante as vendas. Um aspecto interessante das feiras livres são os meninos que alugam carrinhos de mão, para os fregueses não ficarem cheios de sacolas nas mãos. Pacientemente eles seguem seus clientes, indo de um lado para outro da feira, até que as compras terminem e recebam pelos serviços. Mas esse vai e vem de carrinhos na feira incomoda muita gente porque atrapalha o espaço. Pois, falando em espaço é importante saber o meio social a qual estamos inseridos e a contribuição da educação coiteense nos feirantes é visível na sua forma de trabalhar, seja, na sensibilidade para percebermos como os diversos grupos resolvem seus problemas matemáticos sem desvinculá-los do contexto onde é produzido. Tal escolha se deu por entendermos que a utilização do cotidiano das compras para o ensino da prática educacional revela atitudes apreendidas fora do ambiente escolar, uma verdadeira aula de comércio. Um importante componente é possibilitar uma visão crítica da realidade, utilizando instrumentos diversos da língua falada e da natureza matemática. Análise comparativa de preços, de contas, de orçamento, proporciona excelente material pedagógico. Com isso, as feiras livres se tornaram uma atividade economicamente relevante, pois proporcionam o sustento de várias famílias.

TECNOLOGIA

Quais meios tecnológicos foram utilizados nas propagandas da feira livre de Coité?


O comércio de produtos e serviços remonta ao início da história do homem, mesmo antes da criação do dinheiro, como atualmente é conhecido. Naquela época o Comércio de Trocas ou escambo, era o modelo que era utilizado. Apesar de ter decorrido bastante tempo, o objetivo subjacente a toda transação comercial continua o mesmo, ou seja, dar algo que se tem em abundância em troca de algo que se quer e/ou precisa. Com o passar dos tempos, os processos comerciais foram se transformando e acompanharam os avanços da tecnologia e a rapidez na alteração das necessidades de consumo. Os meios de comunicação avançaram. Os correios, o telégrafo e o telefone foram, e ainda o são, grandes agentes do comércio regional, nacional e internacional. As distâncias foram encurtadas de forma que não se precisava mais apertar a mão do outro para se fechar um negócio, bastava discar, pressionar uma tecla ou colar um selo.  Sobretudo, com os feirantes de Conceição do Coité não são tão diferente, eles utilizam meios cada vez mais criativos para persuadir o interlocutor a comprar, estes mexem com os sentimentos, pois vem de encontro com as aspirações, com o mundo de regalias almejado.
Segundo alguns feirantes, uma propaganda bem formulada, ou uma barraca bem organizada, ajuda e motiva as pessoas a comprarem até mesmo o que não tinha necessidade e nem intenção, isso acontece na maioria das vezes. 
Para Oliveira (1993), a feira livre é gera grandes tecnologias e essas tecnologias são o único modo de elevar-se na concorrência dessa natureza de capitalismo selvagem.   Em Conceição do coité, as técnicas e ferramentas de marketing utilizadas pelos feirantes para atrair seus clientes são de altas tecnologias, a exemplo da TV cultura do sertão, jornal o sertão, propagandas na radio sisal etc, que procuram levar ao um público alvo regional, informações sobre a feira, os feirantes e seus produtos.  Também se utilizam da tecnologia de eletrônicas, a exemplos: os  leitores de cartões de créditos, sons de alta potência, microfones, etc; também o grande desenvolvimento da psicologia da cognição, a metodologia do improviso e a física da natureza e seus mistérios. E os clientes de uma moda capitalista no meio dessa modernidade usam todos os meios de tecnologias para encontrar suas necessidades e desejos, dentro dessa miscelânea de estilos, são tecnologias como os celulares, internet, tablets, ipad, etc, para trocarem informações sobre a feira livre, o que vende e o que vão fazer para se relacionar, para pesquisar, e fazer novas amizades, com a internet, olham os produtos que são ruins, recomendam os bons.
 Apesar dos feirantes possuírem atividades produtivas e comerciais múltiplas, existe na feira um objetivo compartilhado, que está relacionado à sua sobrevivência material. Portanto, a feira é um local onde a organização e participações sociais poderão ser estimuladas, além da disseminação de informações, intercâmbio e apoio técnico para as comunidades, visando melhoria dos processos produtivos, organizacionais e de gestão das inovações de pessoas criativas e dinâmicas que se utilizam dos meios próprios que eles têm no momento como ferramenta de trabalho e os melhores preços dos produtos.